domingo, 22 de agosto de 2010

7 meses - quase "Canucks"!


Hoje completamos 7 meses de Canadá... e pela primeira vez fomos dormir após as 6 da manhã (já conto a história).
Já está ficando um pouco difícil fazer as contas para saber há quanto tempo estamos aqui (ok ok, tem o fato de eu estar ficando velho também). Por um lado isso é muito bom, pois para mim significa que o tempo continua passando rápido e "deixo a vida me levar". Por outro lado é ruim, pois quando paro para pensar, dá uma sensação de "2010 está sendo um ano pelo menos esquisito".

Comparado com outros brasileiros que conhecemos aqui em Toronto, esse tempo pode parecer muito pouco para me dar a propriedade de falar (com maturidade) sobre o "viver em Toronto", mas vou deixar registrada minha impressão até agora (e esse é o meu maior objetivo com o Blog).

Os canadenses são, no geral, muito educados, possuem uma consciência socio-ambiental diferenciada, promovem e respeitam diferenças culturais, incentivam o voluntariado e ajuda ao próximo, procuram oferecer a todos uma boa qualidade de vida com serviços públicos voltados a sociedade, permitem que todos tenham o direito a ter uma vida digna num lugar onde se pode criar uma família com segurança, opções de lazer, respeito mútuo, valorização pessoal e profissional, etc. Claro que há pessoas e pessoas, há culturas e culturas, há situações e situações, há coisas boas e coisas ruins.

Praticamente todos os dias vejo notícias do Brasil e ultimamente tenho acompanhado as campanhas eleitorais. Vi pela Internet os debates entre os candidatos, vejo os números das pesquisas, vejo também os comentários nas redes sociais. Confesso ficar muito triste em ver um país como o Brasil, que eu sempre terei no coração, com tanto potencial, com pessoas que querem fazer o bem e um lugar melhor, com riqueza cultural, com riqueza natural, com pessoas altamente qualificadas para suas posições... e também com tantos problemas.

Dando "um passo para trás" e olhando o país pelo "lado de fora", sinto uma perda de esperança muito grande ao perceber que há um grande problema de administração dos recursos (arrecada-se mal, gasta-se pior ainda) e não consigo ver solução a curto, médio e talvez a longo prazos. Toronto é um lugar "menos perfeito" quanto eu imaginava, porém o fato de eu perceber que há um grande esforço para buscar melhorar já me traz um grande alívio. Sabe quando você trabalha ou convive com alguém que você chama "esforçado"?

A experiência de viver fora do país é enriquecedora no que diz respeito a auto-conhecimento e gerenciamento de alguns "demônios interiores" ou sentimentos diversos. Não tenho coragem em dizer que isso chama-se "amadurecimento", pois é muito forte para o que considero "adaptação".

É muito mais complicado do que eu imaginava lidar com um sentimento de saudades ou "homesick". A distância ou o sentimento de não ter as pessoas (família, parentes, amigos, conhecidos) próximos parece maior do que realmente ela é. Dá vontade de ter trazer todo mundo para cá.

Pensar, raciocinar, falar em outra língua é uma grande barreira, pois nos limita a expressarmos exatamente o que queremos. Às vezes precisamos falar de uma maneira diferente daquela que estamos pensando para nos fazer entender.

Assim como no Brasil a gente se adapta a situações adversas (andar pelas ruas à noite, dirigir pela cidade, fila em hospitais, etc etc etc), aqui também passamos por um período de adaptação. Rapidamente absorvemos o sentimento de segurança ao andar pelas ruas, gradualmente vamos destruindo algumas barreiras como: alimentação, saúde, serviços (transporte, correios, informação, lazer, etc) e continuamente vamos nos adaptando as situações do dia-a-dia.

Nesse último mês posso dizer que enfrentei 2 grandes dificuldades:

a) Dores nas costas: tive uma "crise" de dores nas costas (por conta do meu par de hérnias de disco) e aprendi de uma maneira não muito boa sobre os tratamentos e serviços de saúde. Aprendi o quanto é caro comprar remédios, o quão complicado é ser atendido pelo médico de família quando você considera um caso de emergência, o quão difícil é explicar exatamente a dor quando fui ao quiropata.

b) Procura pelo emprego: ainda não consegui uma oportunidade de trabalho e pude ver o quão competitivo é o mercado de trabalho (tive muita sorte ao conseguir a oportunidade na AMEX com 2 meses de Canadá). Aprendi (e ainda estou aprendendo) a lidar com frustrações; estou melhorando no meu preparo para as entrevistas por telefone e pessoalmente; estou conseguindo me vender melhor e valorizar tudo aquilo que adquiri durante minha vida profissional.

Ganhei:
- o prazer de começar a fazer um trabalho voluntário simplesmente inserindo algumas informações no computador, mas podendo fazer uma grande diferença.
- a disciplina de organizar minha vida e humildade para poder ir mais longe (a conquista da auto-confiança é muito importante para as entrevistas e para tudo o que venho fazendo).
- a felicidade de perceber que ainda temos grandes amigos no Brasil (conversas rápidas com o amigo Régis, conversa pelo Skype com a amiga Helena e um rápido telefonema de feliz aniversário ao amigo Segala por exemplo).
- a proximidade com a família ao falar periodicamente com os meus pais e perceber que eles estão ansiosos em fazer uma visita; ao poder contribuir um pouquinho com o crescimento profissional da minha irmã Aline; ao poder compartilhar momentos rotineiros da vida da minha irmã Adriana e vendo o crescimento da minha sobrinha Mirian que "me tocou" com suas mãozinhas pelo monitor do computador.

Nesse últimos mês começamos a fazer "Game Night" e ontem jogamos Banco Imobiliário, UNO e depois Buraco que acabou indo madrugada a fora (ou a dentro?). O saldo foi super positivo, com um ótimo passatempo e indo dormir ao nascer do sol.

"Deixa a vida me levar... vida leva eu".

[]s

Um comentário:

O Lacombe disse...

Robinson,
estamos aqui ha quase o mesmo tempo que voces e eu pessoalmente vivo uma experiencia bastante semelhante a sua, excetuado a dor nas costas. Boa sorte eo Toronto. Gostei de saber que voce e Claudia se deram bem com a Bia que chegou aí a pouco tempo. Grande abraço no Goham e beijo na Tutu.