domingo, 27 de fevereiro de 2011

Caro ou barato?

Faz um tempo que estou para escrever esse post, mas até agora estava com receio de não encontrar a melhor forma de explicar. Lá vai a tentativa...

Durante esse primeiro ano no Canadá já me deparei com diversas situações nas quais as pessoas perguntam se alguma coisa é barata ou cara (tanto brasileiros quanto pessoas daqui) e percebo que a resposta não é tão fácil. Na verdade, a resposta é fácil, porém o entendimento muitas vezes não o é.

O coneito de "barato" ou "caro" depende de outras variáveis além do preço em si. Não vou falar do valor percebido ou "se vale a pena comprar", pois isso depende ainda mais de outras variáveis. Por exemplo, devemos considerar aonde a pessoa ganha o dinheiro, a diferença cambial e custo de vida em geral. Vou tentar explicar por meio de exemplos...

1) Alguém que vem do Brasil passar férias no Canadá (vou usar Toronto como referência) ganha o dinheiro em reais e gasta em dólar canadense. Até aí já há uma "desvantagem" cambial. Naturalmente essa pessoa irá fazer a conversão do dólar para real, mesmo porque é o quanto irá/iria representar do seu orçamento. Mesmo fazendo a conversão, há algumas coisas que são mais "baratas" (caso de alguns eletrônicos, roupas, cosméticos, carro). Para esses itens, a situação é "consigo comprar mais coisas com o meu dinheiro".

2) Para outros itens, ao fazer a conversão, a pessoa que vem do Brasil irá achar que é tão caro quanto, ou tão barato quanto. Por exemplo é o caso de alguns eletrônicos, passeio, gasolina, ...

3) Há a terceira categoria das coisas que, ao fazer a conversão, a pessoa que vem do Brasil irá achar caro e irão dizer "ah, isso no Brasil eu conseguiria comprar por tanto...".

4) Para um imigrante que trabalha, ganha em dólar canadense e conhece os preços no Brasil, o conceito de "caro" e "barato" muda um pouco e os itens que se encontravam em uma determinada categoria facilmente pode ir para outra. Mas isso também não está totalmente certo e não pode ser usado para dizer se "está barato ou está caro".

Não vou explicar o conceito de "custo de vida" ou "poder aquisitivo", mas pense só. Para falar se algo é barato ou caro, pense no quanto aquilo irá refletir no seu orçamento. Por exemplo, uma pessoa que gahava uns R$4.000,00 no Brasil como analista, ganha mais ou menos $4.000,00 fazendo mais ou menos a mesma atividade e com o mesmo cargo (isso não é generalizado, pois no Brasil acredito que haja mais variações e a diferença social é maior). Vou tirar as unidades monetárias para ficar mais fácil....

Um analista no Canadá consegue almoçar (bem) fora com 10,00? Sim
Um analista no Brasil consegue almoçar (bem) fora com 10,00? Talvez (em São Paulo eu gastava mais do que isso)
Um analista no Canadá consegue comprar um carro zero com 22.000? Sim
Um analista no Brasil consegue comprar um carro zero com 22.000? Não
Um analista no Canadá consegue pegar um transporte público com 3,00? Sim
Um analista no Brasil consegue pegar um transporte público com 3,00? Sim

O interessante é que as pessoas aqui no Canadá também têm dificuldade de entender esse conceito e é ainda pior, pois eles não têm ideia nenhuma do custo de vida no Brasil ou de quanto é a diferença cambial. Às vezes eu digo que um carro zero no Brasil custa 40.000,00 e eles não se assustam, e perguntam "qual a moeda local?" e em seguida "quanto equivale em dólar?" e eu respondo, mas complemento dizendo que essas perguntas não mostram o quão caro é o produto para a realidade local. Daí é que eles ficam confusos, pois geralmente eles pensam R$40.000,00 basicamente é $20.000,00, ou seja, até que é barato!

Quando fui para o Brasil em Outubro de 2010 eu até que senti que o nosso dinheiro conseguia fazer mais coisas (mesmo não estando trabalhando naquela época), porém mesmo assim não deixei de achar as coisas caras, como é o caso de jantar fora (você chega a gastar 50,00 por pessoa!) ou supermercado.

Acho que mesmo assim ficou complicado, né?

[]s

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Um pouco de rotina...

Na 6a feira levei a Claudia para o aeroporto. Ela tirou alguns dias de férias (no geral aqui você pode tirar férias antes de completar 1 ano de emprego e também pode gerenciar os dias ao longo do ano combinando previamente com o chefe) e quis ir para o Brasil para o aniversário de nossa afilhada Luana. Ela vai ficar até o final do mês.

Confesso que o final de semana prolongado (ontem foi o Family Day) sem a Claudia foi bem dureza. Sábado não fiz nada de mais (apenas saí para comprar umas tranqueiras na Dollarama), Domingo fui almoçar com uns amigos no restaurante coreano aqui perto de casa (barato e comi prá caramba), e ontem fui ao cinema com o namorado da Bia (opa!!! rs rs) ver The Rite.

Hoje voltei para a rotina que resumidamente é assim:
1) Despertar às 6h30
2) Levantar às 6h45
3) Tomar banho
4) Tomar café da manhã (basicamente cereal com leite e achocolatado - huuuummmm)
5) Olhar emails, facebook, noticias
6) Reciclar no banheiro (meu relógio biológico funciona até que bem... e preciso)
7) Escovar os dentes, dar um tapa no cabelo
8) Preparar os "layers" para o frio (sobretudo, luvas, tapa-orelha) e sair por volta das 7h45
9) Pegar o metrô (às vezes lotado, às vezes nem tanto)
10) Chegar no serviço por volta das 8h10 (dou uma lida nos jornais gratuitos tipo 24Hrs ou Metro)
11) Ver os emails e resolver as pendências
12) Geralmente tenho 2 ou 3 reuniões ao longo do dia (algumas improdutivas para variar)
13) Almoço por volta das 12h e pouco (faz um tempinho que parei de levar marmita) - geralmente eu como salada no Freshii ou Pizza Pizza (barato, bom e não muito saudável) ou KFC (ótimo) ou Teriaki (muito bom) ou comida grega ou wrap - não fico variando muito. Sempre vou sozinho.
14) Depois do almoço geralmente tomo um café da máquina de espresso do serviço
15) Escovo os dentes (praticamente nunca vi alguém escovando os dentes após o almoço)
16) Saio do serviço 17h e pouco (às vezes fico até um pouco mais para terminar o que comecei). Se fico até 17h30 o pessoal me olha meio feio e além disso o escritório já está bem vazio a essa hora
17) Como está meio frio e tenho o bilhete TTC do mês eu tenho voltado para casa de metrô. Umas 17h35 já estou em casa
18) Chego na "fúria" e como um lanche e mais alguma tranqueira
19) De vez em quando junto coragem para preparar alguma comida decente
20) Fico no computador por um bom tempo, ou às vezes deixo o computador ligado e jogo video-game (temos o Wii e também o XBOX+Kinect)
21) Nas 3as feiras tenho encontro com a minha mentora (programa do PMI)
22) Vou tomar banho, escovar os dentes
23) Deito por volta das 23h e fico lendo ou jogando Angry Birds (por exemplo) ou fazendo outra coisa no iPhone até 0h e pouco

Acho que sou uma pessoa comum...

ah, hoje completamos 1 ano e 1 mês no Canadá.

Novo padrão...



Vi esse vídeo no Facebook - post do amigo Peter.
Incrível como o brasileiro é criativo tanto para criar o problema quanto para tentar resolvê-lo...

[]s

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Minha avaliação de alguns jogos...

Legal jogar com pelo menos 5 pessoas.
Tempo: rápido para médio
Regras: fácil para médio
Diversão: alto
Jogabilidade: o jogo não requer muito espaço, a dinâmica é boa e a cada rodada ocorrem algumas mudanças (estratégia, personalidades, disposição das cartas).






Tempo: médio
Regras: fácil para médio
Diversão: médio para alto
Jogabilidade: o jogo é meio parado e requer um pouco de sorte e estratégia, também não requer muito espaço e a dinâmica é boa (cada jogada é efetuada sem delongas).





Tempo: rápido para médio
Regras: fácil
Diversão: médio
Jogabilidade: o jogo não requer muita estratégia e acaba sendo até bobinho.






Tempo: rápido
Regras: fácil para médio
Diversão: médio para alto
Jogabilidade: o jogo não requer quase nada de espaço, não precisa pensar muito e depende bastante da sorte. Há um cheiro de estratégia apenas.





Legal jogar em times (meninos x meninas)
Tempo: médio
Regras: fácil
Diversão: alto
Jogabilidade: não requer muito espaço, mas requer um fiscal para controlar o tempo e também as cartas, naturamente as pessoas acabam falando alto.



Legal jogar em times (meninos x meninas) e fazendo mímicas em vez de desenhar.
Tempo: médio
Regras: fácil
Diversão: alto
Jogabilidade: requer um espaço para poder fazer as mímicas, bom para "soltar" os participantes.

 
Legal jogar com 2 baralhos e se possível com um embaralhador.
Tempo: médio (depende)
Regras: fácil
Diversão: médio
Jogabilidade: não tem muito segredo e é meio "fim de noite" ou para que todo mundo participe sem ter de definir uma estratégia ou para relaxar após um jogo mais estratégico.



Tempo: demorado
Regras: fácil
Diversão: médio para alto
Jogabilidade: requer uma certa organização na mesa e não tem muito segredo, depende da sorte nos dados e é bom para relaxar, pois no geral todo mundo sabe jogar.





Tempo: rápido
Regras: fácil
Diversão: médio para alto
Jogabilidade: requer um pouco de estratégia e sorte, mas a dinâmica é boa, pois as regras são fáceis.






Legal jogar com pelo menos 5 pessoas.
Tempo: rápido para médio
Regras: fácil para médio
Diversão: médio para alto
Jogabilidade: é muito difícil encontrar esse jogo para jogar e requer uma cara-de-pau.



Tempo: rápido para médio
Regras: fácil para médio
Diversão: médio para alto
Jogabilidade: requer um pouco de estratégia e negociação.





Tempo: demorado
Regras: médio
Diversão: médio
Jogabilidade: requer espaço e estratégia, joguei apenas 1 vez e não curti muito apesar de ser bastante famoso.






Acho que após jogar algumas vezes dá para pegar o jeito...
Tempo: médio
Regras: difícil
Diversão: médio
Jogabilidade: as regras mudam constantemente e requer bastante atenção.






Não vou comentar aqui os jogos de baralho como Cacheta, Buraco, Presidente (esse vale a pena um post para registrar as regras); também não vou falar sobre o Jogo da Vida (mesma família do Banco Imobiliário); também não vou falar dos jogos de tabuleiro.

[]s

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Contra paradigmas, melhoria de processos



Vou aproveitar o video acima para explicar um pouco no que eu trabalho. Essa é uma tarefa bem complicada, pois um dia tentei explicar para o meu pai e duvido que ele tenha entendido.

Antes de tudo, vou deixar claro que eu não trabalho com Engenharia (às vezes as pessoas chamam de re-engenharia, mas não é exatamente a mesma coisa) nem com Tecnologia (tem forte relação, mas eu diria que estou mais para a área de negócios).

Eu trabalho em uma área de BPM (Business Process Management) ou Gerenciamento de Processos de Negócio. Assim como em qualquer outra empresa, essa área não é "core", ou seja, não é o principal negócio da instituição. Geralmente as empresas vendem produtos ou serviços e o gerenciameto de processos é uma maneira de enxergar oportunidades de melhorias internas e por conseguinte tornar a empresa mais eficiente, eficaz, ágil, "gerenciável", flexível, resiliente, etc etc.

Há vários grupos de atividades dentro de BPM e eu posso simplificar da seguinte maneira: mapeamento de processos, documentação, modelagem de processos, análise de oportunidades, otimização e controle.

Pela minha experiência nessa área, observo que muitas empresas desconhecem o "nível de maturidade" e acabam gastando dinheiro (recursos humanos, tecnológicos) para fazer o motor funcionar. Um grande problema é que cerca de 80% (isso é o meu chute) das melhorias "definitivas" e eficazes requerem um grande investimento de tecnologia (geralmente ferramentas de workflow, alertas, follow up, escalas, controle de status, etc).

O que eu tenho feito na AGF é basicamente mapear os "gaps" de cada área e traçar um plano de ação. A primeira "onda" será mapear e documentar tudo quanto é processo por área (pelo menos os gestores vão saber o que cada um está fazendo, como estão fazendo, o que recebem de documento/informação de outras áreas e o que devem prover para outras áreas). Em seguida, pretendo mapear os "quick wins" (ganhos rápidos) propondo mudar um pouco a maneira como eles fazem as coisas (evitar retrabalho, identificar e resolver gargalos, melhorar na comunicação, criar algumas regras, definir papéis e responsabilidades, estabelecer alguns níveis de serviços). Minha ideia também é melhorar a forma como eles monitoram e controlam a performance com custo mínimo (hoje eles usam excel e eu pretendo "turbinar o burrinho" criando algumas macros para automatizar o serviço manual - isso eu chamo de "ferramentas de produtividade").

O desafio para mim até agora (e também a parte meio chata) é a documentação (eu ainda sou "junior" escrevendo os manuais em inglês, pois às vezes percebo que não fica tão claro a ponto de qualquer um ler e não ter dúvidas).

Bem...
Em relação ao video...
Eu conheço essa experiência há algum tempo, porém nunca tinha visto ela em video. A ideia é bem similar. Muitas pessoas entram em uma rotina fazendo a mesma coisa da mesma maneira e quando eu pergunto "mas por que você faz assim???", elas geralmente respondem "sempre foi feito assim" e continuam se batendo. E se eu pergunto "se eu fosse um funcionário novo nessa área, o que eu precisaria fazer?", elas dizem "ah, é melhor aprender fazendo".

[]s