quarta-feira, 25 de julho de 2012

Casamento no Canadá

Ontem recebi por email um convite de casamento de um colega de trabalho. Veio como "confidencial" e pedindo para confirmar a presença.

Não vou generalizar, pois imagino que não haja um padrão nos casamentos por aqui, assim como nos casamentos no Brasil (ou até mesmo em São Paulo). Vou relatar o que eu escuto da minha analista Lily (ela está na idade em que tem muitos amigos casando).

Ela já havia me contado que é muito comum a pessoa casar pela manhã (cerimônia), daí o casal vai para algum lugar tirar as fotos (enquanto isso os convidados se viram e vão se trocar) e depois tem a festa à noite. Por ela, essa logística é meio complicada, mas acaba sendo bom para as mulheres terem tempo de se arrumarem para a festa (claro que a roupa usada na cerimônia não é a mesma que a da festa).

Ah, entre os amigos dela, é muito comum fazerem a despedida de solteira e despedida de solteiro... (ela diz que as mulheres já sabem que os homens vão encher a lata... somente.. rs).

Bem, voltando ao convite de casamento. Esse colega de trabalho é chinês, imigrou para o Canadá faz alguns anos e foi morar em Vancouver, teve 1 filho primeiro e depois mais 2 filhos (todos meninos) gêmeos. A esposa faleceu e ele teve de cuidar das 3 crianças. Ele se mudou para Toronto e desde então mora aqui. Ele sempre falava sobre a dificuldade em criar os filhos e que teve muitos problemas com a escola, etc. Quando ele soube que estávamos grávidos ele ficou bem feliz e recomendou a leitura de um livro sobre "Positive Parenting" dizendo que foi muito útil, mesmo tendo aplicado o método um pouco tarde.

Como eu não sei quem foi convidado, eu fiquei meio receoso de confirmar presença e chegar lá e não conhecer ninguém (e o pessoal só mandando ver no mandarim). Daí eu resolvi perguntar discretamente para a Lily se ela tinha recebido alguma coisa, tipo um convite, do colega Andy. E ela disse que não e quis saber que tipo de convite. Pronto! Não consegui segurar e já fui falando do que se trata... e disse que eu estava meio sem jeito por ela não ter recebido o convite. Ela disse que tudo bem, pois ela sabe que não dá para convidar todo mundo mesmo.

Isso acabou sendo bom, pois pude tirar outras dúvidas. Por exemplo, como funciona a questão de presente de casamento. Ela disse que varia, mas ultimamente o casal faz uma lista de casamento em lojas e, assim como no Brasil, as pessoas podem comprar online. Porém, ela não conhece nenhum sistema em que a loja entrega para o endereço do casal. Portanto, muitas vezes o presente é levado no local da festa, que tem uma sala de recepção para as pessoas deixarem os presentes.

Outra coisa bem comum é as pessoas darem dinheiro (colocam num envelope junto com um cartão de casamento). Na entrada do salão também tem uma caixa na qual as pessoas colocam os envelopes. O mínimo padrão que as pessoas dão é $100 por pessoa, para pelo menos ajudar nas despesas da festa. Se for alguém próximo, geralmente dão mais. (Novamente, não estou dizendo que isso é regra no Canadá, pois não conheço gente casando por aqui).

Ela ainda contou que muitos casais mandam os convites já com um envelope de retorno para confirmação e, além de ser polido confirmar, é fundamental! Nas festas, as mesas são organizadas pelos convidados confirmados (como as formaturas no Brasil) e além disso, não há o risco de ter muita gente a mais ou a menos que o planejado. Ela disse que já foi em um casamento que um convidado não havia confirmado e compareceu... e acabou criando um clima chato, pois tiveram de puxar uma cadeira extra na mesa, etc. (eu, brasileiro, já imagino a cena).

Resumo... ainda estou vendo se vamos ou não no casamento...
:-)

[]s


domingo, 22 de julho de 2012

Milestone



Hoje completamos 2 anos e meio aqui no Canadá. Às vezes parece que o tempo passou bem rápido e outras vezes nem tanto. Muitas coisas mudaram em nossas vidas e a gente também mudou em vários aspectos. A falta de posts no blog se deve basicamente a minha preguiça, muito mais do que a falta de novidades, pois preciso lembrar que a ideia principal do blog é registrar memórias para mim mesmo.

Antes de falar especificamente do que aconteceu desde o último post (há 2 meses), vou dar uma visão geral do sentimento que eu tenho sobre os 2 anos e meio vivendo longe da minha terra natal.

Chegamos aqui pisando em ovos, com aquele sentimento de "turista" chegando em uma terra que não é a sua. Acho muito bom ter a humildade e disposição de re-aprender muitas coisas, pois o valor que damos à nossa história e ao nosso passado, muitas vezes não tem o mesmo peso em outros lugares, e para outras pessoas. Por exemplo, chegar aqui com diplomas, experiência profissional, reconhecimento pessoal, etc. pode não significar muita coisa. A dica é ter a mente aberta, evitar comparações, observar e aprender sempre.

As dificuldades pelas quais passamos foram em grande maioria esquecidas (claro que não em sua totalidade), mas essenciais para o processo de adaptação... e para nos deixar mais fortes. Já não tenho muitas lembranças do impacto que todo o processo de imigração causou em nossas vidas, já não tenho a dimensão exata da dificuldade que foi a adaptação inicial nos primeiros meses...

Acho que também tenho a maturidade de poder falar que eu também mudei. Tenho a sensatez de não criar esteriótipos do tipo "No Canadá as pessoas são assim ou assado... e no Brasil as pessoas são assim ou assado". Muitas vezes o que faz os lugares (países, regiões, cidades) é a percepção que cada um tem. Isso é muito difícil de explicar, pois em resumo eu diria que o Brasil não mudou praticamente nada e o Canadá também não.

Talvez eu tenha ficado menos tolerante às coisas que antes eu suportava muito bem no Brasil. Da mesma forma eu me tornei mais seletivo com as coisas do meu convívio no Canadá. Por um lado eu já não me interesso em participar de debates e discussões em redes sociais sobre alguns problemas (reais ou nem tanto) como: sacolinhas de supermercado, corrupção, futebol, escândalos, eleições, violência, impostos, custo de vida, diferença social, etc. e por outro eu já não acho que aqui as coisas são perfeitas e que tudo funciona, etc. O saldo de tudo isso ainda é muito positivo, pois fez com que eu descobrisse uma qualidade - sou adaptável (e resiliente?).

Pronto, agora vamos aos fatos mais recentes e deixar a filosofia de lado.

Desde a nossa passada de férias rápida pelo Brasil (é sempre muito corrido e dessa vez resolvemos ficar mais tempo com as nossas famílias - por isso, desculpe aos amigos se não pudemos encontrá-los), algumas coisas aconteceram.

Meu sogro e sogra vieram conosco e ficaram 3 semanas aqui em casa. O verão fez com que fosse possível aproveitar várias coisas da cidade... e acredito que essa primeira experiência viajando para fora do Brasil ajuda a quebrar alguns paradigmas.

Emprego
Minha reputação continua muito boa e tenho sido reconhecido pelos resultados dos meus trabalhos. Desenvolvi uma nova metodologia para medir o nível de eficácia e eficiência de processos para então otimizar as ações de melhoria, e apresentei a Comitê Executivo. Incrível como eles ainda se impressionam com as apresentações que eu faço no Powerpoint.
Assim que voltamos do Brasil houve um anúncio de que a AGF Trust estava sendo vendida para outra empresa chamada B2B Bank (bem maior). Eu continuou otimista em achar que isso será uma grande oportunidade, mas a sensação de "ter sido comprado" é ruim e causa um desconforto e insegurança.
Um pouco antes de irmos ao Brasil eu fui eleito o Presidente do clube Toastmaster (dá uma olhada no www.toastmasters.org para saber um pouco mais) e isso tem me dado uma experiência muito interessante (que sinceramente eu não imaginava).
No dia 1o de Agosto todo mundo da AGF Trust (e que ainda continua lá) irá se tornar funcionário da B2B Bank. Os benefícios mudaram bastante (pioraram) e muito provavelmente o esquema de trabalho também vai mudar.

Outras coisinhas
Ainda há espaço para experimentar diferentes cozinhas (recentemente eu comi Thai e curti).
Aprecio um pouco mais jogos de baseball (talvez porque agora entendo um pouco melhor as regras).
Consigo me comunicar, fazer piadas, entender algumas piadas, discutir, reclamar em inglês sem muitos problemas.
Grande parte da qualidade de vida para mim ainda é o fato de morarmos em Downtown, perto do lago e permitir que eu consiga voltar andando para casa do trabalho.
Já tenho afinidades com novos amigos (gringos ou brasileiros), mas ainda esforço-me para manter as grandes e insubstituíveis amizades conquistadas no Brasil.

A GRANDE NOVIDADE
Meu cunhado Carlos (irmão da Claudia) e Giovanna tiveram seu primeiro filho hoje (isso mesmo! Nasceu agora pouco) e felizmente com muita saúde e trazendo muita alegria (até mesmo para nós que choramos de emoção ao vermos tudo pela Internet).
Minha irmã Adriana e o Daniel vão ter a segunda filha em Setembro! Até agora está tudo bem a nossa nova sobrinha.

Eu e a Claudia também estamos grávidos! Nossa filhota (tudo indica que será menina, a menos que o ultrassom esteja errado) irá nascer em Outubro. Há uma confusão de sentimentos, pois quero muito ser pai e ao mesmo tempo tenho muitos medos.

Até agora já li várias coisinhas... como por exemplo, um livro com citações sobre como um pai educa uma filha, o Nana Nenê, e ainda estou lendo o The Happiest Baby on the Block. Aos poucos ainda estamos montando o quartinho dela e comprando as coisinhas.

Estamos muitíssimo felizes!

Bem, além disso ainda tenho assistido à episódios do Spartacus, Shark Tank, lido coisas sobre Melhoria de Processos, Empreendedorismo... e parei por enquanto de treinar Krav Magá, por conta de uma torção no polegar direito que não melhorou ainda (tomo advil 1x por dia... quase todos os dias).

Outra novidade sem muita importância é que ainda continuo acima do peso (aff...) e mais cabeludo.
:-)

[]s